Aqui, do alto de minha suntuosa morada, vejo o grande vale verde da vida... Nunca tive permissão para descer, uma pena, gostaria de viver por entre aquela gente. Uma gente que briga, sorrí, mata, come, ama, se arranha e faz filhos em tardes quentes, quando o calor trás á pele um tesão dos diabos. Como eu sei de tudo isso? É fácil perceber. Ele* Ele subiu um dia. Veio, como quem não quer nada. Um alpinista hermoso e muy cheio de mãos para esta inocente persona. Sorriso fácil e grande capacidade de adaptação. Talvez trouxesse um orgulho ferido, sei lá, mas foi de grande burrice aceitá-lo. Me mostrou tudo oq se fazia lá embaixo. Em especial, lembro das tardes quentes. O banhava em mel, leite e sexo. O vinho dos deuses, as horas vagas eternamente. Planejamos descer fugidos juntos para a morada das gentes normais. Uma pequena casinha no pé da serra. Mas, assim, de última hora, ele fugiu. Acho que ficou assustado. As gentes normais [ou quase] não se deixam transparecer. Os sentimentos são ...