terça-feira, 10 de março de 2009

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Sempre tive perdas dolorosas.
Mas essa foi a pior.
Os olhos pedem pra ser mentira, a dor corporal parece não passar.
A mente pediu pra ser ilusão.
Mas não era.
Se foi.
O que era pra ser vida acabou num simples piscar de olhos.
João disse que sou bailarina.
Até queria ser, dançar, sair rodopiando por aí.
Mas ele fala isso por culpa das saias longas e do olhar triste.
Chorei dias e dias por perder a vida.
Chorei dias e dias por perder o sonho.
Chorei dias e dias por perder a sensibilidade de ser mãe.
Chorei por chorar, isso é quase certeza.
Mas oque crescia não era mentira.
Era verdade.
E a verdade dói.
E eu continuo chorando.
O dono de tudo isso não sei pra onde vai nem pra onde foi.
Sumiu no ar como purpurina ao vento.
Só sei que está longe e pedindo que a razão não o abandone.
Desejo sorte a mim.
Peço sorte.
Frases mentirosas que fingem estar tudo bem quando na verdade não está.
João gosta de bolinhos.
De todos os tipos.
Sempre faço aos montes, me afogo na cozinha metamorfoseando o trigo.
Pedindo pra parar de doer.
Sonhando com o dia que vou poder dar uma companhia a ele.
Acho que serão só os bolinhos mesmo.
As coisas não são como eu quero. E nem como ele pede.
Seria meu.
Por isso deu tudo errado.
Vou ver os bolinhos, acho que queimaram.

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