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Um trago amargo...










É sempre essa maldita passividade que atormenta.
Essa falta de malícia, essa vontade de ter alguém por perto, por completo.
Preciso de proteção. Megalomaníaca proteção.
As roupas me escondem o corpo!
Os óculos, os olhos tristes!
A camisinha, dos perigos do sexo...
O alcool entorpece, alivia, destrói a sanidade, a amabilidade...
Os sapatos, protegem do asfalto quente e das dores dos espinhos cravejados em meus pés!
Mas quanto aos sentimentos, a paixão, sou um grande verme envolto em merda. Ser passivo. Me faz delirar de febre. Me faz sentir dor. Dor deveras. Sofro antecipadamente sem saber oque vai me acontecer.
Aquela pontinha de insegurança que me rasga por dentro como urubus em carniça. A velha criança com medo do escuro. Um velho fantasma.
Vinho, vago vinho!
Tragos de um cigarro feito de literatos.
A mais demoníaca expressão da incerteza fielmente se reproduz em mim.
Uma mente bloqueada para dias de sol e luxúria.
Tenho um amargor de xarope velho. Uma paz momentânea, o simbolismo das horas, a convulsão do epilético.
Entre um e outro, as escolhas erradas, as distâncias fatais, a gestação infindável de memórias mau armazenadas, um velho sótão abandonado. A fuligem. Pó, cinza de um escaravelho.
A morfina dos meus dias. Os dias em que eu sou mais nada. Os dias que eu sou tudo.
Descuidos de um coração flagelado, retirante... rumo ás cheias.
Mas que tentar, ah tentar custa quase nada.
Viver, viver quase tudo. Viver este mundo imundo, estes sonhos malditos...
Eis o pior de mim.
Eis o horror que habita em mim.
Maldita passividade. Maldito querer demais.

***

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