domingo, 27 de setembro de 2009

Aquelas gentes...





Aqui, do alto de minha suntuosa morada, vejo o grande vale verde da vida...
Nunca tive permissão para descer, uma pena, gostaria de viver por entre aquela gente.
Uma gente que briga, sorrí, mata, come, ama, se arranha e faz filhos em tardes quentes, quando o calor trás á pele um tesão dos diabos.

Como eu sei de tudo isso?
É fácil perceber.
Ele*

Ele subiu um dia.
Veio, como quem não quer nada. Um alpinista hermoso e muy cheio de mãos para esta inocente persona. Sorriso fácil e grande capacidade de adaptação. Talvez trouxesse um orgulho ferido, sei lá, mas foi de grande burrice aceitá-lo. Me mostrou tudo oq se fazia lá embaixo. Em especial, lembro das tardes quentes.
O banhava em mel, leite e sexo.
O vinho dos deuses, as horas vagas eternamente.
Planejamos descer fugidos juntos para a morada das gentes normais.
Uma pequena casinha no pé da serra.
Mas, assim, de última hora, ele fugiu.
Acho que ficou assustado. As gentes normais [ou quase] não se deixam transparecer.
Os sentimentos são guardados em cofres do consciente, regidos pela tal Razão.
Talvez tenha sido - eu - sua válvula de escape.
Talvez tenha sido - eu- oque o fez enxergar sua verdade. Sua fiel mortandade.
Deixou apenas os fios de cabelos em minha escova. A cama faltando um apoio. Um encaixe perfeito.
E onde éramos nós.
Eu e ele, para sermos nus.
A sós...

E hoje, aquela cabana está ocupada... ouço crianças ao longe...


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Achei que ia dar um tempo nisso aqui, mas escrever é preciso... gosto sempre!


Au revoir!

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